sexta-feira, 22 de março de 2013

"Esquece lá isso..."

O deslumbramento por alguém cega-nos.
Quando conhecemos uma pessoa e sentimos aquele frio na espinha, não passa apenas de um deslumbramento que nada tem a ver com o "gostar".
Há pessoas que conhecemos de vista, sentimos atracção e às vezes até uma paixão assolapada, mas o tempo, só vários calendários passados nos mostram realmente o que aquela pessoa é.
Hoje lembrei-me disto. Quando comecei a trabalhar numa empresa, tinha lá um colega todo giro, o único por sinal. Passados uns tempos comecei a lidar mais com ele e acabámos por desenvolver uma amizade, ainda que de circunstância, nada de muito íntimo. E a dada altura eu pensei, eu nunca poderia gostar de uma pessoa assim. O tempo trouxe-me esta resposta. Porque eu gosto de pessoas frontais. Pessoas que dizem e fazem. Pessoas de actos. Ainda que levem uma lambada ou uma resposta que não gostem, mas que falem. Que ajam e não tenham medo de agir. Pessoas que têm dúvidas e chegam-se à frente para as esclarecer. Eu gosto disso, porque não sei viver de outro modo.
Detesto pessoas do tipo "esquece lá isso", tentando ficar bem com a sua consciência, mas não ficam porque não resolvem as coisas. Amontoam assuntos mal resolvidos, e na minha opinião, varrer para debaixo do tapete nunca é uma boa alternativa.
Eu já me dei mal por ter o coração e o cérebro na ponta da língua. É verdade. Mas também penso que não tenho grandes coisas pendentes na minha vida. Raramente deixo coisas por dizer. Raramente me martirizo com assuntos com os quais não tenho coragem para lidar. Posso demorar mais, porque há situações mais delicadas que outras, no entanto, a vida já me tem ensinado que há tempos para resolver tudo. E eu resolvo.
Não me venham é chatear a cabeça com assuntos onde não fui perdida nem achada, e depois pedir-me  para dar a cara e resolver como se de um problema meu se tratasse. 
Isto tudo para dizer que, muito giro por fora no imediato, nem sempre revela uma pessoa espectacular por dentro, algum tempo mais tarde.
Agora é a minha vez de dizer, esquece lá isso...

domingo, 17 de março de 2013

Sempre fui uma pessoa incapaz de ficar indiferente àquilo que me rodeia. Nunca fui pessoa de saber de um problema ou outro e simplesmente assobiar para o lado fingindo que nada se passava. Isto com amigos, com causas, com ene coisas. Já sofri consequências terríveis por ajudar, é verdade. Mas na altura que o fiz, o que me moveu foi simplesmente o acto de ajudar o próximo. Fazer aquilo que, caso fosse eu a estar naquela situação, gostava que fizessem por mim. Dei-me mal, mas consegui uma alternativa e ultrapassei. 
Há uns largos meses atrás soube da criação da IPSS/ONG Filhos do Coração presidida pela Jornalista da TVI Alexandra Borges - pessoa que conheço pessoalmente, que muito admiro e adoro e que um dia me ouviu. Me ajudou. Admiro-a acima de tudo por ela não conseguir ser indiferente às coisas. Determinadas vezes sinto-me um pouco assim, persistente, lutadora, e sem sequer pensar no resto, sem ser ajudar.
O ano passado tudo começou quando comprei o Livro Resgate, escrito por ela e por uma sobrinha, Livro que, quanto a mim, quando se começa a ler, não se consegue parar (ainda à venda nos hipermercados Continente). Eu já conhecia a Reportagem Infância Traficada, e aos poucos através do grupo criado no Facebook - Filhos do Coração 2 - fui sabendo o que andavam a fazer, as iniciativas que tinham em mãos e aos poucos fui-me envolvendo na causa. Em Setembro conheci pessoalmente a Alexandra Borges, já tínhamos falado ene vezes ao telefone e no dia que me autografou o livro só me pediu que divulgasse a 10 pessoas e pedisse a essas 10 que divulgassem a causa. 
Depois de ter lido o livro, escrevi para o Gana. Escrevi ao primeiro menino que a Alexandra resgatou dos pescadores. Em Novembro recebi duas cartas dele que me tiraram o chão. E percebi nesse dia, aliás, como lhe havia prometido na carta, que ia dizer a toda a gente, que ele existia. Ele e tantos meninos como ele. Deste modo, havia de chegar o dia em que acabássemos com a vergonha da Escravatura Infantil. Porque se tratam de crianças. Crianças de 3/4/5 e 6 anos a trabalhar 12 horas por dia e se por um acaso adoecem, são deitadas ao Rio e devoradas por Crocodilos.
Aos poucos tenho colaborado com a Associação. Faço o que posso. A vontade de ajudar o Qwety e todos os outros meninos, mesmo vivendo a não sei quantos quilómetros daqui é imensa. E quando me dizem que aqui há tantas crianças a precisar de ajuda, eu respondo, aqui sim, temos muita gente a precisar de ajuda, mas existem todos os meios e mais alguns para ajudá-las. E a quem me diz isso, eu digo, então ajudem, sejam voluntários. Irrita-me pessoas que atirem postas de pescada sobre o que quer que seja e depois simplesmente não fazem nada. NADA.
Há 15 dias tive o prazer de estar com a Alexandra Borges num evento aqui no meu concelho, ela foi falar da causa e eu aproveitei e andei por lá a tirar fotografias. Falámos imenso e, mais uma vez, fiquei fascinada a ouvi-la. De uma simpatia, humildade e bondade que me deixaram perplexa. Inclusive me disse que eu era boa para ir com ela ao Gana. E eu fiquei fascinada com essa hipótese. Quem me dera que um dia seja possível. Acompanhar a Alexandra Borges numa viagem lá. Abraçar cada um destes miúdos, enchê-los de mimo e de rebuçados. Dizer-lhes que continuarei a dizer ao mundo que existem. E que aqui, mesmo longe, estou sempre com eles. Como se houvesse um fio invisível que nos una e consiga derrubar toda a distância que nos separa.
É isso.
Enquanto aqui ando, ajudo. Faço o que posso.
E agora, peço-vos. Isto que vos vou pedir, não tem qualquer custo para vós.
Quando forem fazer a vossa declaração de IRS, inscrevam o NIF da IPSS Filhos do Coração no quadro 9 do anexo H (Benefícios Fiscais e Deduções). Deste modo, farão com que o Estado doe 0.5% do imposto que liquidaram no ano de 2012, sem qualquer custo ou impacto naquilo que têm a receber.
Só mais um pedido, assinem a Petição Pública contra a Escravatura Infantil. Podem encontrar a Petição AQUI.
Se puderem comprem o livro. Livro este que foi pago do próprio bolso da Alexandra Borges, porque as editoras queriam ficar com 80% do valor das vendas e a Associação receberia apenas 20%. A sua resposta para as Editoras foi que, estes meninos já tinham sido roubados uma vez, e pela mão dela não tornariam a ser.
Resgatem Sorrisos! Não fiquem indiferentes! Porque é a Indiferença que está a matar os meninos do Gana!


www.filhosdocoracao.org
(Espreitem e fiquem a conhecer aquilo que nos move)!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Há dias em que me apetece tanto dizer-te. Há dias que sinto que os meus olhos te revelam tudo. 
Este sentimento que me invade e me obriga a calar por medo e vergonha consegue ser maior do que eu própria.
E hoje foi um desses dias. Em que tremi, em que me envergonho por te olhar assim e depois ter de voltar a baixar os olhos para simplesmente não me revelar...