Tenho vivido profundas
crises ao nível laboral. Não é o trabalho em si, nem é o facto de ser
muito cansativo estar fora de casa perto de doze horas. Apanhar autocarro,
levar com cheiros nauseabundos como a 'tabaquice' e suores logo pela fresca.
Não é o facto de caminhar perto de cinco quilómetros por dia. Não é nada disso.
É estarmos lado a lado a trabalhar com pessoas que esperam que tropecemos para
nos espetarem uma faca nas costas. Ou se calhar é mesmo no peito.
A falta de educação e de
respeito é algo com que eu tenho mesmo muita dificuldade em lidar. Tenho o meu
feitio, mas antes quebrar do que torcer e há momentos em que realmente só penso
no dia em que vou sair porta fora e não irei voltar mais.
Tanto se fala sobre
motivação, sobre ter as pessoas com vontade a trabalhar, sobre o impacto que
isso causa na produtividade... mas depois, malta nova, gestores de topo [como
se consideram], não passam de uns putos armados ao pingarelho sem a menor
sensibilidade, cometendo as maiores incoerências desta vida, apontando o dedo a
outros, quando cometem erros atrozes na forma de ser e estar. Porque nem é o
dinheiro, não são os aumentos. Porque isso já sabemos que é só para alguns. É a
ingratidão, são os limites que se ultrapassam. São as responsabilidades que
caem sempre sobre os mesmos. São os direitos que se perdem e tudo aquilo que se
exige, como se só existam deveres e o resto deixa-se para lá. É tudo isto junto
que faz com que todos os dias se perca a vontade. É o aperto no peito que se
acumula em cada passo que damos no trajecto até ao local...
Respeito. Tudo o que se
exige é respeito, na sua plenitude e no mais ínfimo pormenor. Porque quem
realmente faz o trabalho não é movido por prémios chorudos. É movido pela
necessidade de trabalhar para colocar comer na mesa e pagar as contas. Tão
somente e só. Se não fosse isso e o mercado de trabalho estar na miséria e
exploração que está, neste momento estavam os ditos de topo a fazer tudo
sozinhos. Porque só assim não havia dedos a apontar e tudo sairia perfeito.
Que vida é esta que
levamos? Que seres humanos são estes sem qualquer valor ou princípio?
Palavra de honra que
estas questões me deixam a pensar e muito neste mundo triste em que vivemos.
Demasiado triste.
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